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23.4.13

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Quando entrei naquela igreja, Duda, ao longe, a me observar, eu não fazia ideia do que viria a acontecer oito anos depois. Nós éramos muito jovens e, dentre os nossos amigos, os primeiros a se casarem.

Quando tomamos nossa decisão e contamos aos mais próximos, alguns ficaram surpresos. Para um casal que ficou junto pela primeira vez em uma festa chamada Maratoma, devia parecer curiosa a opção pelo casamento, algo tão quadrado e antigo, justo naquele momento, em que estávamos todos na flor da idade.

Quando eu entrei naquela igreja, de braços dados com meu avô, senti a presença de meu pai. Horas depois, uma tia muito querida de meu marido, espírita, me disse que ele havia estado lá. Eu acreditei. Uma celebração como aquela, de sua filha caçula, ele não poderia perder.

Casar na igreja foi uma opção centrada em uma pessoa: eu gostaria de me casar na presença do padre Silvio. Hm, curioso. Já não era uma católica fervorosa, como tinha sido na adolescência, Duda tampouco manifestava preferências ou anseios religiosos, mas, para mim, aquele padre representava uma parte de Votuporanga que me agradava e trazia boas lembranças.

De braços dados com meu avô, luzes fortes nos olhos, aquela filmadora a nos observar, caminhamos em direção ao altar da mesma maneira como eu gosto de caminhar pela vida: acompanhada das pessoas que nos amam e que nós amamos também.

Ao passo que dizíamos aos nossos amigos que íamos nos casar, estávamos ao mesmo tempo demonstrando o quanto gostaríamos que eles participassem daquilo tudo conosco. Não só naquela data, 23 de abril de 2005, como também nas aventuras que enfrentaríamos a partir dali.
Assim, entrar na igreja ao lado de nossos amigos e familiares foi, para mim e, seguramente, também para Duda, uma grande alegria.

Jamais esquecerei as palavras de minha mãe: "minha filha, procure não fazer caretas para você ficar bonita nas fotos". Ha, ela sabia o que dizia. Para os que me conhecem bem, sabem que eu sempre fui a rainha das caretas nas fotos de família. No entanto, durante aqueles breves minutos de caminhada, acho que não fui capaz de seguir este conselho de minha mãe e espalhei caretas no horizonte, mandando beijos e mais beijos às pessoas por quem nutri amor ao longo de boa parte dos meus anos de vida e que ali estavam para celebrar um amor que nasceu inusitado, curioso, escondido, e que me trouxe e traz conforto e tranquilidade.

Se uma boa palavra para definir uma união é o compartir, naquele momento todas aquelas pessoas compartilhavam conosco. Era o compartir do amor, do entusiasmo, da vida por fazer. O compartir de uma amizade que se transformou, cresceu, uniu, motivou.

Diante do Duda, já no altar, eu só vi seu sorriso, um sorriso que já muito me fez aprender nesses últimos anos. Sorriso generoso e tranquilo, marca registrada de nossas passagens juntos, inclusive nas mais difíceis delas.

Nosso aniversário de casamento é, para mim, como o aniversário de um e de outro, e dos dois ao mesmo tempo. É tempo de saudar e reforçar as marcas da importância de um para o outro. no meu caso, a importância de Duda que, definitivamente, me acompanha, deixando de lado os falsos clichês.

Em nome do que acreditávamos juntos, Duda rearranjou os próprios sonhos a partir dos meus sonhos. Deslocou-se para outras paragens em nome da valorização e do apoio de momentos profissionais e pessoais tão importantes para mim.

Esboçou seu sorriso mesmo quando, do outro lado do mundo, meu corpo ameaçou fraquejar. Acompanhou - e acompanha - dores e alegrias com a mesma dedicação e interesse. É meu braço direito, meu parceiro de conversas as mais variadas. Ao mesmo tempo, respeita minha individualidade, meus interesses e necessidades. Com ele, sou indivíduo, eu. E sou também nós.
De um lado e do outro, nos apoiamos e tentamos equilibrar esse show de pratos giratórios que é a vida de todos nós.

E hoje, ao lembrar aquele dia de tantos sorrisos, lágrimas e compartir, não há muito mais que eu possa dizer senão agradecer. Pelos dias que já ficaram para trás e pela perspectiva dos que vêm por aí.

Obrigada aos meus e nossos amigos, inclusive aos que se juntaram a mim e a nós ao longo dos anos, por me/nos permitirem compartilhar.

Obrigada, Duda, por ser e estar.


Um comentário:

Gabriela Grossi disse...

Lindo, Jana! Vida longa ao amor, nas mais diversas formas e nuances, de vocês. Beijo, sempre saudoso